Le Mans2010

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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Fotojornalismo


Existe reportagens e reportagens, apenas irei colocar aqui no meu blog aqueles que forem importantes para mim








Cronologia e noções de Fotojornalismo

Breve cronologia da Fotografia e do Fotojornalismo

1826 - Joseph Nicéphore Niepce, em França, fez a primeira fotografia, tornando-se, por isso, o primeiro fotógrafo. Nasce a fotografia. Era um tempo em que a ciência e tecnologia eram os novos deuses da humanidade.

1835 - Louis-Jacques Mandé Daguerre, também em França, inventou a fotografia prática. Isto é, a fotografia com bilhete de identidade. Tinha trabalhado com Niepce, até à morte deste. Apareceram os "daguerriótipos".

1833 - William Henry Fox Talbot (1800-1877), poliglota e cientista britânico, inventou o processo de fixar fotografias a partir de um negativo. Estava criada verdadeiramente a fotografia, como a conhecemos hoje, a partir de negativos.

1846 - Aparecem as primeiras fotos tiradas em movimento. Normalmente, retratando acidentes (ferroviários e outros).

Algumas noções de fotojornalismo

Não existe uma definição específica para fotojornalismo.

O fotojornalismo não se define pelo fim ou pelo objecto. É uma particular disciplina do jornalismo. É a fotografia destinada a ser publicada nos Meios de Comunicação Social. Mas há interligação entre os vários géneros fotográficos e o Jornalismo - retrato, paisagem, fotografia histórica, fotografia artística, etc.. É claro que valores como a estética, por exemplo, estão ou devem estar presentes numa fotonotícia. Mas não é condição sine qua non.

Antigamente, para se desempenhar a função de fotojornalista era preciso: gostar de fotografia, entrar para um jornal ou revista e ter algum talento.

Actualmente, isso não basta. É preciso uma sólida cultura geral, talento e formação profissional. E também (o mais difícil, na maioria das vezes) oportunidade para desempenhar esta disciplina do jornalismo num Órgão de Comunicação Social (OCS). Não confundir fotojornalista com fotógrafo (o que vulgarmente acontece, mesmo por parte de camaradas de profissão), designação essa atribuída a agentes do comércio fotográfico e a fotógrafos de arte.

Um trabalho fotojornalístico é aquele feito, especificamente, para ser publicado num OCS. Tal como sucede com a escrita jornalística, aqui também há géneros fotojornalísticos: entrevista, reportagem, notícia, etc..

Há perguntas e relações que têm de ser feitas entre os diversos géneros. Entrevista, conferência, reportagem (de guerra, acidentes, manifestações, assuntos interessantes dos mais variados tipos).

- O fotojornalismo é relativamente recente. Aparece no fim do século XIX. Nessa altura era muito difícil fazer fotojornalismo, pois as máquinas e restante equipamento eram muito pesados e nada fáceis de transportar.

1855 - (Fevereiro) - o inglês Roger Fenton (1819-1869), advogado e fotógrafo, parte para a Crimeia, como fotógrafo oficial nomeado pela rainha Victoria para fazer a cobertura fotográfica da guerra. Todavia, não foram publicadas fotos na imprensa, porque ainda não havia técnica para tal. Napoleão comprou-lhe 360 fotografias. O fotojornalismo começou por estar intimamente ligado à guerra. Era preciso mostrar o belo e o horrível, como dizia o director da revista "LIFE". "A LIFE tem de mostrar tudo no mesmo instante. Não pode esconder nada, mas tem de dar respostas aos leitores" - dizia ele. Foi o primeiro fotojornalista.

1861 - Grande salto na importância da fotografia de reportagem, com a cobertura da guerra civil americana, por Mattew B. Brady, que fez milhares de negativos em vidro. Ao contrário de Fenton, Brady não estava ligado a nenhuma encomenda, pelo que deu uma imagem mais real, mais jornalística, da guerra.

1880 - Aparece, pela primeira vez, a fotografia de Imprensa. Nos EUA, foi reproduzida uma foto, por meios mecânicos no "Daily Graphic", em Nova Yorque.

Até aí, as reproduções fotográficas eram muito raras e feitas artesanalmente, por colagem.

1904 - Na Inglaterra, o "Daily Mirror" ilustra as suas páginas só com fotografias e em 1919, o "Illustrated Daily News", de Nova Yorque, segue-lhe o exemplo. Foram os primeiros jornais televisivos. Aliás, a televisão é filha da fotografia e, em grande medida, do fotojornalismo.

1936 - Surge a agência de fotojornalismo, a célebre Magnum. Cooperativa de repórteres fotográficos, reúne os mais célebres fotógrafos e difunde as suas fotos para todo o Globo. É a agência mais prestigiada do Mundo.

Com a expansão do fotojornalismo, depois de algumas resistências, as agências noticiosas lá aderem àquela especialidade. Criam-se os departamentos de fotojornalismo.

A meio do século XX, a fotografia já estava generalizada nos meios de Comunicação Social em todo o Mundo. Jornais e, sobretudo, revistas, publicavam muitas fotos. Para a "LIFE", o ideal era publicar só fotos, sem texto. Um exagero! Foi a idade de ourodo fotojornalismo. As revistas "TIME", "NEWS WEEK" e outras chegam a ter espiões para descobrirem as capas umas das outras.

Só dois jornais resistiam e parece que ainda resistem à inserção de imagens fotográficas: o "Le Monde" e um jornal de Zurique (Suíça).

Há por aqui quem defenda os jornais sem quaisquer imagens. E fá-lo-ão por snobismo, pela mania de se afirmarem pela diferença. Tal como aqueles que dizem que escrevem somente com caneta, recusando as novas tecnologias, mesmo que seja uma simples máquina de escrever mecânica. Será que ainda subsiste algum nostálgico a escrever com pena de ganso?

Em Portugal

Em 1910, no advento da República, na baixa lisboeta, perguntaram a um velho fotógrafo: "Oh velhinho, és republicano ou monárquico?". Resposta: "Sou fotógrafo".

Começou aqui o fotojornalismo português, mas já cá trabalhava um repórter-fotográfico estrangeiro.

Em 1925, os jornais publicavam retratos impressos de personalidades.

Anos 40 - Chegam a Portugal os primeiros fotógrafos de imprensa, estrangeiros. Eram pessoas esquisitas, algo excêntricos, extravagantes e bastante cultos. Eram vistos com alguma desconfiança pelas pessoas.

Primeiros grandes fotógrafos portugueses: Carlos Relvas, Cunha Morais, Maria E. Campos (Évora).

O "Diário de Notícias" foi o primeiro jornal a publicar fotografias nas suas páginas. Seguiu-se o "Século", o "Século Ilustrado", "ABC", "Vida Mundial", "Flama" e outros até uma conseguida generalização. O primeiro órgão de comunicação a ilustrar com fotos as suas páginas foi a "Ilustração Portuguesa", em 1906-1926.

Fotos a cores na imprensa portuguesa: "Jornal de Notícias", 1985/86. "O Primeiro de Janeiro", 1983.

Os fotojornalistas, só há cerca de 20 ou 30 anos é que passaram a assinar os seus trabalhos. Até até aí, as fotos eram apócrifas. Os fotógrafos são os últimos jornalistas a serem reconhecidos pelos nomes.

Em Portugal, o fotojornalismo nunca conheceu grande desenvolvimento. O país é pequeno, as tiragens dos jornais não são muito elevadas.

Alguns fotojornalistas portugueses têm outra profissão paralela para conseguirem sobreviver. Há relativamente poucos repórteres-fotográficos exclusivos.

Raramente vão fazer coberturas exclusivamente fotojornalísticas ao estrangeiro, como os seus colegas redactores, salvo raríssimas excepções. Isto, porque não se encontra definido com o mínimo de rigor o estatuto do repórter-fotográfico.

Problemas do Fotojornalismo

Não existem problemas fundamentais, exclusivos do fotojornalismo. Os seus problemas são comuns a toda a actividade jornalística. Será bom lembrar que o jornalismo é a única actividade profissional que está consignada na Constituição da República Portuguesa.

Mas há alguns problemas específicos:

--- A presunção de que o Fotojornalismo é verdadeiro (mito da imagem). Deformação da fotografia, manipulação da imagem, por processos directos ou com recurso a novas tecnologias. A fotografia é sempre uma selecção (do fotógrafo, do chefe, do editor, do gráfico, do director). Daí que se possa falar com propriedade em "mitologia da verdade". Isto é: a foto no jornal mostra algo que nem sempre é real na sua plenitude.

--- O direito à informação e à privacidade não têm carácter absoluto. A Constituição refere o direito à imagem das pessoas e, também, à reputação. Há grandes conflitos à volta deste assunto, pois não existe uma bitola de aferição válida para todas as situações.

A pessoa pública não tem vida privada, mas não confundir esta com a vida íntima. Não há resolução legal para os conflitos de interesse, provenientes do interesse público e do interesse privado. É melhor serem resolvidos pelo espírito do tempo e pelo bom senso do juiz. Não há leis que possam resolver cabalmente os conflitos de interesse. Só casuisticamente é que se pode tratar os casos, dia a dia. Isso acontece, naturalmente, através dos filtros naturais que são a escadaria hierárquica.

--- Fotografia e violência. A fotografia tem um carácter apelativo aos sentidos e à emoção. Não à razão. A fotografia é um espelho em que as pessoas se revêem e tem muitas leituras e interpretações (carácter polissémico). A imagem pode ser tão opinativa, tão alterada ou adulterada como um texto. Muitas pessoas não se importam que o texto se lhes refira, mas já se opõem à inserção da foto no jornal. É que esta provova emoções e marca indelevelmente.

--- Paparazzi e sua actividade perniciosa, nada condizente com os princípios éticos e deontológicos que os fotojornalistas devem ter sempre presentes. Há que ser cuidadoso com os termos utilizados e pugnar pelo respeito que devem merecer os repórteres-fotográficos que exercem a sua profissão conscientemente e com pleno respeito pelos valores da sociedade a que pertencem e pela ética deontológica.

--- É preciso deixar bem claro que há diferenças entre um fotógrafo comercial; um fotógrafo amador que às vezes aparece na Redacção a vender uns "bonecos giros"; um paparazzi à moda inglesa, desses que passam a vida empoleirados nas árvores, como os macacos, atrás dos instantâneos mais escabrosos da família real e um fotojornalista. Na prática todos podem produzir fotonotícias, mas deve-se ter sempre em conta as especificidades de cada um. A minha avó fazia deliciosos pastéis mas não era pasteleira; uma amiga minha escreve muito bem, colabora com alguns jornais mas não se intitula jornalista. É a mesma coisa. O privilégio deve ser exclusivo do fotojornalista. É este que tem de ser o autor moral e material do fotojornalismo. É este que expõe e expõe-se quase diariamente, submetendo-se ao julgamento dos leitores. Disse bem: leitores.

--- Aproveitamento do fotojornalismo para fins pouco recomendados: reconhecimento de pessoas pelas polícia e chantagens, entre outros.

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